No seu livro “Andar como Jesus andou” (JUERP, Rio de Janeiro, 1992),
T.B. Maston observa que quando o Cristo ressurreto ordenou aos seus
discípulos que fossem suas testemunhas em Jerusalém, na Judéia, em
Samaria e até os confins da terra (Atos 1.8), é possível que tenha
incluído Samaria por causa de sua proximidade, porém é muito mais
provável que a tenha incluído por causa do preconceito dos judeus contra
os samaritanos.
Se eles fossem a Samaria testemunhar, iriam a qualquer outro lugar do
mundo. E Maston conclui, indagando e respondendo: “Onde fica a nossa
Samaria? Se a referência é aos que vivem perto de nós, estamos dando a
eles o nosso testemunho através da palavra e de nossas ações? Se a
referência é àqueles contra quem temos forte preconceito - seja de cor,
classe social ou condição de vida - estamos compartilhando com eles as
boas novas do evangelho?” (pp. 59-60).
Nos dias de hoje temos subvertido os termos da ordem de Jesus: vamos até os confins da terra, mas não vamos a Samaria.
Essa era uma região encravada entre a Galiléia e a Judéia, habitada
por um povo mestiço (meio judeu, meio pagão) cujas relações com os
judeus era caracterizada por uma mistura de ódio, desprezo e indiferença
mútuos. Para viajar da Galiléia para a Judéia e vice-versa, os judeus
passavam pela Peréia, um região contígua, a fim de evitar o contato (e
também o contágio!) com a terra e o povo samaritanos, aumentando, assim,
grandemente o seu percurso.
Jesus, ao fazer uma viagem dessas, “teve necessidade” de atravessar a
Samaria (João 4.4), mas essa não foi uma necessidade meramente física,
isto é, não foi simplesmente para encurtar o percurso. Foi uma
necessidade igual à que ele apresenta em Atos 1.8 aos seus discípulos:
era necessário pregar em Samaria.
Não completaremos a obra, e nem teremos autoridade para prosseguir na
obra, enquanto houver ao nosso lado enclaves, guetos, áreas de risco,
territórios marginais, enfim, gente discriminada, que não atingimos.
Somente depois de quebrar todas as barreiras que nos impedem de ir a
estes lugares e às pessoas que lá vivem, é que seremos capacitados para
ir até os confins do mundo, sem medo e sem preconceito.
É em Samaria que teremos a visão (João 4.35). E é lá, também, que teremos o avivamento (Atos 8.4-8).
Onde se situa a nossa Samaria? Bem pode ser que esteja a poucos
metros da nossa
porta.
Pr. Sylvio Macri
I.B.Central de Oswaldo Cruz
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